Thursday, February 23, 2006

Hoje foi um grande dia.
Vi um trabalho desenvolvido por mim, no qual me esforcei bastante, ser compreendido e elogiado.
Finalmente sei o que é realização pessoal. Acho que me viciei.
Ainda ontem falei da ansiedade do status e da importância que as pessoas dão ao facto de ver o seu trabalho reconhecido. Pode ser mau e tal, mas se sabe bem, e trás uma sensação de felicidade (acho que estou mesmo a sentir felicidade pura, a sensação que os últimos anos da minha vida não foram um desperdício) porque não nos esforçar-mos por sermos bons e/ ou os melhores?
Na realidade não quero ser a melhor, mas isto de ser técnica de educação ambiental está a preencher bastante as minhas necessidades pessoais. E o facto das coisas correrem bem e ver que com a minha intervenção posso ter sensibilizado para a vida uns pequenos projectos de pessoas... sabe mega bem.
Aliás, isto é a luz ao fundo do túnel de que eu me referia à uns tempos. Nem devia de falar já disto porque o Centro de emprego ainda não deu a avaliação de proposta de estágio profissional (e o tal mau agoiro... e os imprevistos que me têm acontecido).
Na verdade estou a trabalhar no que quero, ao pé de casa e vou receber bem (se a tal proposta for aceite) durante nove meses. Depois fico no desemprego outra vez (porque serei empregada de uma associação ambiental e como se sabe, não há dinheiro em Portugal para o ambiente), mas não há mal, podem ser os melhores nove meses da minha vida profissional como bióloga....
Como estou a descobrir que amo transmitir aos pequenos cérebros a importância da conservação do ambiente e da biodiversidade! E tudo isto com trabalhos práticos (reciclagem de papel, hoje dissecámos plumadas de rapinas, e eu até notei um certo interesse em alguns a tentarem descobrir a diferença de um crânio de musaranho e toupeira, roedor e ave). E! como os alunos vão variando, não me conhecem e, eu não sou alvo do excesso de confiança, logo são muito mais fáceis de aturar!
E às vezes até me tratam por Doutora, e eu às vezes esqueço-me de dizer que não o sou :)....
Recapitulando:
1º Acabo o curso.
2º Entro em stress porque vejo que a vida de estudante acabo e tenho de arranjar emprego a fazer-me útil á sociedade. Deixar de ser sanguessuga, portanto. Porque os meus pais com a minha idade já ganhavam o deles há dez anos e a minha mãe já tinha quase dois filhos.
3º dez dias depois vou trabalhar para um café na praia onde sou super mal paga e trabalho que nem uma escrava. Conheço pessoas mais novas que eu que não fazemdaquilo simples trabalhos de verão e precisam de 400€ por mês, trabalham 60 horas por semana ou mais só para pagarem as contas. E ficam tão cansados que quando chegam a casa não têm cabeça para procurar uma coisa melhor.
4º Estou em stress porque não tenho tempo para procurar um trabalho como bióloga, mal que chego a casa só quero não fazer nada, depois de 9 horas seguidas a bulir... com uma dor de cabeça descomunal e sem dia de descanço à vista...
5º parto a clavícula e sou redireccionada para casa dos meus pais. Onde a minha única solução de ocupar tempo é a pesquisa de um bom trabalho, porque tenho tempo e não posso fazer mais nada a não ser isso. Descubro o departamento de biologia ambiental, descubro que é isso que quero exercer e não sabia que existia.
6º Faço duas semanas de mestrado em que nó último dia (véspera da trombose) dou as Zonas Húmidas e importância delas (porque antes disso não estava muito ao corrente do que era).
7º Passo 3 meses de trombose e quando me sinto melhor escrevo uns emails para as reservas e associações aqui da zona para me voluntariar ou mesmo trabalhar se quisessem.
8º Aqui começo a apereceber-me que tenho de deixar de stessar com o facto de ser uma sanguessuga, por esta altura era o único meio que tinha para sobreviver... e aperecbo- me que este stress de querer fazer tudo e e bem não dá em nada de bom...
6º Vou ocupando o tempo com o curso de produção multimédia, ainda estou a descobrir para que foi isso, bem que agora tenha mais noções de gestão de empresas.
7º Contactam- me um dia (sem eu me ter esforçado muito, i. e., sem muito stress de "ter que ser") a dizer que me querem para um estágio profissional (Numa associação de defesa de uma Zona Húmida), para fazer o que eu mais desejo (educação ambiental) e com possibilidades de aprender muitas coisas (até o secretariado de um curso de recuperação de fauna selvagem, que nos tempos livres também irei estar presente e muito provavelmente até serei eu a fazer os certificados de participação) e dar de comer às aves em recuperação e fazer visitas guiadas. Serei paga para mandar secas sobre a importância da separação dos resíduos sólidos... e outras coisas que os outros não suportam e eu não consigo pereceber porque é que aquilo apenas tem importância para mim, etc.. tudo a 7 km de minha casa.
Não sei, mas por mais azares que tenha na vida, há coisas que não me parecem mera coincidência...
E mesmo que a proposta não seja aceite e eu não fique lá a trabalhar, ao menos, descobri uma coisa que me realiza, que a realização não é uma utopia. E aprendi muiiiiiiiiiitas coisas. Apesar de tudo é isso mesmo que eu quero fazer quando fora grande: aprender... e se for dentro da biologia, mais prazer me dará a aprender.... e se puder transmitir os meus conhecimentos: melhor ainda!

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