Wednesday, February 28, 2007

lunário de al berto

" Aqui estou eu... só, dentro e fora de mim, último passageiro da minha noite interior."
O corpo, esse país mais ou menos habitável, em nada lhe lembrava aquele outro país geograficamente definido nos mapas, e que toda a gente insistia em dizer-lhe que era o seu país. O corpo evocáva-lhe sempre outro sítio luminoso, distante, onde podia agir e respirar, pensar e mover-se livremente. Território semelhante à noite das cidades em que se perdessem, ele e o seu corpo, propositadamente, para se abastecerem de sexo, de renovados desejos, inesperadas seduções, pequenos perigos e emoções. Nocturno território onde alastrava a paixão da exacta medida da desolação que os sitiava.
Tentava assim, em permanente deambulação, fugir aos perigos que a noite tece subtilmente, mas em vão. As aventuras mais inesperadas pareciam procurá-lo, colavam-se-lhe à pele como uma sarna, e ele deixava-se ir, incapaz de resistir à mínima sedução.
"Quando eu e Lúcio já não conseguirmos estar um com o outro, mesmo através da presença do olhar duma terceira pessoa, irei ter contigo.Procurar-te-ei até te encontrar, mesmo que só te procure em corpos onde não estás..."

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